domingo, 29 de abril de 2012

Ecologia Interna

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Tato
Comecemos pela ecologia interna 
Por Tato
tato
Foto: Vanessa Siqueira + Joana Sorino + PasarKreasi
O planeta anda mesmo caótico. Por onde quer que olhemos, nos deparamos com uma tremenda desordem refletida na geração desenfreada de lixo, na escassez de água potável, nas catástrofes “naturais”, no aumento da poluição, na extinção de espécies sequer conhecidas, nas sacolas plásticas a se agarrar em nossas pernas quando entramos no mar, no desmatamento falsamente justificado pela geração de alimentos, no desperdício de comida e na fome de tanta gente.
Independentemente de os cientistas estarem certos ou errados sobre o fato de o aquecimento global ser causado pelo ser humano, de estarmos “apenas” acelerando um processo natural, ou de não termos absolutamente nada a ver com o aumento de temperatura da Terra, o fato é que nós estamos fazendo uma grande bagunça por aqui. Hoje já exigimos do planeta 30% a mais do que ele é capaz de oferecer.
É como estar numa nave em missão espacial e jogar o lixo por todo canto, comer tudo de uma vez, matar todas as formas de vida que estão lá dentro e acabar com a reserva de água sabendo que você mora ali e não vai poder sair para buscar novos recursos. É o que estamos fazendo e não é muito difícil perceber que isso é autodestruição.
Provavelmente, as coisas não vão mudar muito enquanto olharmos para a natureza como um cenário à parte da vida que escolhemos levar, enquanto encararmos o meio ambiente como algo que está a quilômetros de distância, restrito às áreas de conservação na Amazônia, ou tivermos a crença de que apenas o planeta precisa de nós e, portanto, podemos, em nosso tempo livre, fazer alguma coisa para salvá-lo, se lembrarmos.
Falta o entendimento de que somos apenas mais uma espécie nessa imensa cadeia da vida, falta a sensação de pertencimento a essa realidade chamada Terra, falta entender que todas as formas de existência estão interligadas e que o que acontece a qualquer uma delas afeta todas as outras, falta reconexão com os outros milhares de pontos que compõe, igualmente, uma grande rede interdependente que precisa de equilíbrio.
Nossa desastrada interação com o planeta é reflexo da bagunça que vivenciamos dentro de nós e se origina de uma falta de conexão interna, de cada um consigo mesmo. Sinceramente, é preciso estar muito desalinhado para destruir o próprio lar, a mãe que nos gera e nos provê absolutamente tudo o que necessitamos para sobreviver, os seres que possuem buscas profundas tão semelhantes às nossas.
Não se trata de uma justificativa para nossos atos de agressão ao meio ambiente, mas de um convite à reflexão. Será que agiríamos com o mesmo descaso se, internamente, quiséssemos e soubéssemos cuidar de nós mesmos? Pense bem: quando é que sua casa fica mais desorganizada, em momentos em que você também se sente perdido, sobrecarregado e com a autoestima lá embaixo, ou nos dias de paz e plenitude? Quando é que você trata melhor as pessoas que ama? Quando se respeita e, portanto, é capaz de respeitá-las, com suas diferença, ou quando passa por cima de você mesmo em nome de algo que não faz sentido para seu coração?
Nossa proposta para você é um exercício de ecologia interna. Cuidar dos próprios fluxos de energia que circulam aí dentro, eliminar o lixo mental, acolher os sentimentos que surgem, respirar ar puro, se alimentar com a quantidade adequada para o bom funcionamento do seu organismo, desfrutar do sabor de frutas e verduras orgânicas, respeitar os ciclos necessários de atividade e descanso, honrar as raízes, buscar o silêncio e, com isso, aprender a ouvir e a reconhecer as manifestações sonoras, fechar os olhos, admirar as cores, entrar em contato com o verde, sorrir, fazer algo que deseja muito, mesmo que ninguém saiba, movimentar o corpo, colocar o pé na terra, tomar um banho e lavar a alma, sentir o pulso do seu coração e perceber o que mais lá fora pulsa com ele, amar.
Porque, nesse estado, nossas posturas e nossas escolhas certamente não serão as mesmas que nos trouxeram até aqui.

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